terça-feira, 11 de maio de 2010

Palavras

Falo, falo muito. Falo o que me vem à cabeça. Não existe canal de censura entre meus pensamentos e meus lábios. Falo o que devo e o que não devo, na hora certa e na hora errada. Por tudo podem me condenar, menos por me calar.
Talvez, por tanto falar, tenho começado a pensar nas palavras em si, no que realmente significam quando ditas.
Percebo que algumas, na verdade, nada querem dizer, são apenas um grupo de letras que ajudam a quebrar o silêncio; outras, ah! essas conseguem ser o receptáculo de inúmeros sentimentos e intenções.
Quando digo que muitas das palavras nada querem dizer, obviamente falo de quem as ouve, pois para mim, cada palavra tem um motivo e um sentido real, pelo menos naquele momento, mesmo que no segundo seguinte, já nada mais queiram dizer.
Mas calar? Impossível. Seria como aprisionar meus pensamentos, impensável, pois aprisionados, não caberiam em mim e transbordariam, nem sei como.
Amo as palavras, não somente seu sentido, mas também e principalmente, seu som. A sonoridade da palavra é especial para mim.
Palavras doces ditas de forma áspera podem ferir, palavras amargas ditas com suavidade podem ser bálsamo de uma grande dor.
Só uma coisa me deixa profundamente triste é não ter o que dizer justamente quando as palavras são mais necessárias. São aqueles momentos em que os pensamentos derivados de sentimentos profundos, se agigantam e não encontram em nosso modesto vocabulário, formas de expressar tudo que queremos dizer.Nesse momento, só existe uma forma de expressão que pode substituir a palavra, é o olhar, mas esse, infelizmente, poucos conseguem captar ou compreender.
Mas mesmo com todas as dificuldades, ainda penso em jamais me calar.
Mas se um dia me calar, procurem meus olhos, penetrem neles, e, certamente lá encontrarão todas as palavras que não foram ditas, sendo que algumas, inclusive, tentem se expressar rolando pela face.
Reafirmo, calar? Jamais.

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